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Profissional Moderno

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29 de Dezembro, 2019

O PMP ainda vale a pena?

Luís Rito

Para quem não conhece, o PMP é um acrónimo de "Project Management Professional", e trata-se de uma das certificações em gestão de projetos mais reconhecida no mercado. Esta certificação é atualmente ministrada pelo PMI (Project Management Institute), instituto sem fins lucrativos que tem como objetivo a profissionalização e criação de standards na gestão de projetos.

 

A certificação PMP incide maioritariamente em projetos tradicionais, também conhecidos como projetos waterfall, motivo pelo qual tem sido alvo de algumas críticas, nomeadamente sobre se esta ainda se encontra adequada ao mundo real. Nos dias que correm a popularidade do agile tem sido exponencial, não existe empresa que apregoe agilidade que não fale em metodologias de gestão de projeto agile. O PMP baseia-se no PMBOK (Project Management Book of Knowledge), que é um conjunto de boas práticas de gestão de projetos, que apesar de bastante completo, é também bastante complexo e muito mal interpretado. O livro encontra-se dividido em diferentes áreas de conhecimento (prometo fazer um artigo mais à frente para falar disto), estando estas inseridas dentro do ciclo de vida de um projeto. Este ciclo de vida subdivide-se em cinco fases, iniciação, planeamento, execução, monitorização & controlo e encerramento. 

 

O primeiro erro que muitas pessoas comete é pensar que todas as fases que te falei acima ocorrem em sequência, ou seja, apenas podemos realizar planeamento após iniciação concluída, apenas podemos começar a execução após fecho do planeamento e por aí em diante. Essa não é a realidade, as fases podem e devem sobrepôr-se, por exemplo, podemos começar a executar um projeto ainda que todo o planeamento não esteja encerrado. Tudo vai depender do tipo de projeto, e não da metodologia em si. Por exemplo, se o projeto diz respeito à construção de uma ponte ou de um edifício, parece-me que faz sentido dispender mais tempo na fase de planeamento e apenas avançar para a execução após fechar grande parte do planeamento. Contudo se estamos a falar de projetos de software, esta prática já não deve ser aplicada, já que existe uma forte probabilidade das coisas mudarem durante a fase de execução. É portanto errado afirmar que a metodologia do PMI é rígida e pouco ágil, nada no PMBOK diz que temos que seguir todos os passos à risca. Um projeto gerido de acordo com as boas práticas do PMI pode ser ágil se o gestor de projeto assim o entender. 

 

Para terem ideia, para passares no PMP necessitas de realizar um exame com 200 perguntas e 4h de duração, onde te questionam sobre mil e um documentos que um projeto pode ter. O PMBOK prepara os gestores de projeto para os projetos mais complexos, mas dá ferramentas e incentiva a efetuar um processo de tailoring de forma a adaptar a metodologia ao tipo de projeto que estás a gerir. Se o PMP ainda vale a pena nos dias que correm? Sem dúvida que sim! Posso afirmar que pela dificuldade do exame, tive que estudar bastante, o que fez com que aos dias de hoje ainda me lembre da maior parte dos temas. O PMI na minha opinião faz um trabalho excecional na criação de standards, que permite aos gestores de projeto comunicarem e utilizarem os mesmos termos e expressões. O facto do PMBOK ser um conjunto de boas práticas reconhecidas amplamente pelo mercado significa que ao aplicares essas técnicas tens uma maior probabilidade de levar os teus projetos a bom porto. Outra grande vantagem é o facto de ser uma certificação altamente reconhecida no mercado, o que te pode ajudar a ter melhores oportunidades de emprego. Por enquanto ainda continua a ser a certificação de referência no que toca a gestão de projetos.

 

A minha recomendação é, não sejas demasiado rígido, encara o PMBOK como guidelines para poderes construir modelos de governo e metodologias específicas para os teus projetos. A mensagem que quero passar é que é possível seres ágil aplicando técnicas como por exemplo "Rolling-wave" (planear em waves, ou em pequenos incrementos) ou "Progressive Elaboration" (plano é continuamento atualizado e melhorado à medida que nova informação se revela). Se queres levar a tua gestão de projetos para um nível mais profissional aconselho vivamente a tirares a certificação PMP

 

Por hoje é tudo, até à próxima.

 

22 de Dezembro, 2019

Áreas estratégicas das empresas do século XXI

Luís Rito

Olá a todos :)

 

Hoje vamos abordar o que considero serem duas das áreas mais importantes de uma empresa do século XXI. Decerto já não é novidade para ninguém que o ritmo de mudança nos últimos anos tem sido infernal. Muitas empresas que falharam em incorporar essa mudança na sua estrutura estão a ter dificuldades no seu dia a dia. É uma realidade que em algumas indústrias a mudança tem chegado mais devagar do que noutras, por exemplo, uma empresa cuja base é vender energia (petrolíferas e afins) não necessita de um ritmo de mudança tão elevado como por exemplo o setor das viagens ou da banca. Grandes empresas com vários anos de existência estão a ser desafiadas por pequenas startups, que devido à sua grande agilidade conseguem implementar soluções com uma rapidez muito superior às empresas já estabelecidas com estruturas pesadas. Ora, se analisarmos bem, uma das grandes vantagens de uma startup é o seu elevado foco no cliente, a par com a disponibilização de processos e de soluções informáticas de alta qualidade. É por isso que considero que a grande maioria das empresas, apesar do seu core não ser IT, tem forçosamente que ser muito boa em IT.

 

É vital para a sobrevivência de qualquer empresa ter competências muito elevadas em IT. Diariamente todas as empresas acumulam gigabytes de dados, que quando devidamente trabalhados e interpretados dão origem a informação, que posteriormente se transforma em conhecimento. As maiores empresas do mundo apostam exatamente nisso, existem muitos casos em que na sua estrutura o diretor de IT já reporta diretamente ao CEO. É esta a importância que as empresas têm que dar ao seu IT, já que quando funciona bem permite alavancar em muito os lucros da empresa. Dou um exemplo muito simples, sou cliente da Amazon à vários anos. Por vezes recebo um email onde me é dito que livros me poderão interessar, ou de acordo com o que comprei, o que outras pessoas compraram, e acreditem que muitas vezes acabo a comprar essas sugestões. Multipliquem isto por milhares de clientes e podem imaginar os milhões que a Amazon encaixa graças a um tratamento inteligente dos dados que já dispõe.

 

Claro que para existir um bom IT, é necessário ter pessoas à altura, e é aqui que entra outra área que considero estratégica, os RH. Um bom departamento de RH recebe diretrizes da gestão de topo e contrata pessoas que se encaixem nesse perfil. Se a empresa quer uma empresa ágil, onde se valorize o trabalho em equipa e onde existam poucas hierarquias, não pode recrutar pessoas que não se encaixem nessa visão. Quando um líder idealiza uma estratégia a 3 ou 5 anos, certamente já sabe que tipo de pessoas vai necessitar. É por isso que se deve começar a contratar muito antes do tempo, para que as pessoas possam ir conhecendo o negócio, a organização e para terem tempo para construir. Dou um exemplo, se uma empresa definir que quer implementar uma estratégia de dados em 3 anos, diria que no final do primeiro já deve estar a pensar em contratar pessoas com a capacidade de fazer acontecer essa estratégia. Por vezes cai-se no erro de promover pessoas internas que não têm o perfil indicado, e isso raramente irá resultar em mudança. Não digo que promover internamente é mau, mas deve-se escolher apenas pessoas que façam um bom fit com as funções exigidas.

 

A verdadeira agilidade que vemos em algumas empresas não advém do software ou dos processos que utilizam. Continuo a achar que o que traz verdadeira agilidade são as pessoas que fazem parte das equipas. Pessoas com um perfil empreendedor, que gostam de deixar a sua marca na empresa e de construir para melhorar são e serão sempre uma mais valia em qualquer empresa. É portanto necessário conseguir recrutá-las, e acima de tudo conseguir mantê-las motivadas no seu trabalho. Um dos fatores que continua a ser de grande importância para qualquer colaborador é a sua chefia, motivo pelo qual a camada de gestão de qualquer empresa deve ser do melhor que existe no mercado. É por isso que se devem continuar a realizar sessões de liderança e gestão, ou promover sessões de coaching entre gestores mais séniores e gestores mais júniores. Se a empresa tem uma excelente camada de gestão, as equipas lideradas por essas pessoas vão andar mais motivadas e mais tranquilas, o que resulta num aumento de produtividade e inovação. Uma boa chefia também tem a capacidade de desafiar as suas equipas de uma forma positiva, o que as vai levar a alcançar novos níveis de performance.

 

Está tudo interligado, se queres que a empresa tenha vantagens competitivas relativamente a outra, é nas pessoas que deves investir. São as pessoas que vão acrescentar o fator diferenciador e que vão catapultar a empresa para outros níveis. Resumindo, investe em processos de recrutamento, investe em liderança, investe em manter as pessoas satisfeitas, dá-lhes autonomia para realizar o seu trabalho e construir ao máximo com o mínimo de burocracia e vais ter colaboradores satisfeitos. Colaboradores satisfeitos vão atrair ainda mais talento para as fileiras da empresa, o que vai resultar em melhores processos e maior agilidade no desenvolvimento de soluções, que consequentemente irá levar a mais valor para os clientes da empresa (e portanto mais lucros). Finalmente, investe muito em IT, o futuro passa por aí, um bom IT vai-te permitir reduzir custos, aumentar o negócio e ter um conjunto de informação que vai suportar grande parte das decisões da empresa. Contra factos não há argumentos, e quando existem dados a tomada de decisão é bem mais fácil.

 

Por hoje é tudo, espero que tenhas gostado. Aproveito para desejar um bom Natal a todos, junto de quem mais gostam 

 

Até à próxima